Lula pode ser eleito, mas pode ser impugnado por ser o maior delinquente da História e ter que ficar preso. Então talvez fosse melhor votar no Ciro Gomes e rezar pra respeitarem o mandato neoliberal dele... Mas afinal, até mesmo Lula é meio neoliberal... Os problemas do povo brasileiro são a falta de resolução ideológica na política, porque assim no improviso e no juízo moral ninguém sabe onde vai, e da mesma forma o desespero e apelo celestial para que Deus proveja.
Até mesmo Lula era uma derrota para a classe trabalhadora, a vida em sociedade não precisa ser essa opressão dos predadores, onde os fracos precisem sempre diminuir ainda mais sua força, até a morte por exaustão dessa deformação dos direitos trabalhistas, para sobreviver. Viva a Revolução Social! Viva o Comunismo!
segunda-feira, 30 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
FAÇAM VÍDEO MAPPING PRO TITIOOO!1!
Problema
A carência de estudos epistemológicos sobre o aumento prolífico da tecnologia
audiovisual, desenvolvido pelo imperativo industrial e promovido pela produção artística.
Essas recentes tecnologias e técnicas de audiovisual tridimencional, ainda pouco difundidas na
Bahia hipoteticamente tem maior poder imersivo/cognitivo que o formato audiovisual clássico,
bidimensional, o que acarreta maiores responsabilidades por parte dos produtores
audiovisuais.
Há no Vídeo Mapping recursos técnicos que de acordo com Rafael de Oliveira Garcia,
2014, no seu TCC "VIDEO MAPPING: Um estudo teórico e prático sobre projeção mapeada",
podem categorizar as obras de Vídeo Mapping em 2D e 3D, mas mesmo com essas
diferenciações técnicas precisas, há uma gama de recursos e variantes que impedem que as
categorias sejam bem definidas. Por exemplo, nada impede que se use ambas categorias numa
mesma obra, assim como outros elementos, como um suporte histórico-patrimonial (com toda
a poética e signos ou símbolos históricos). Uma categorização conservadora seria a de fazer
um levantamento dos tipos de Vídeo Mapping em destaque, e analizar as técnicas usadas com
maior frequência em cada caso.
A literatura sobre audiovisual se refere principalmente a formatos técnicos de suporte
das obras (VHS, DVD, Digital, etc), por outro lado também há definições narrativas sobre as
obras audiovisuais (Documentário, Ficção, Curta-metragem, etc), mas há pouca literatura
sobre a experiência do ponto de vista cognitivo do espectador, nos Formatos Audiovisuais
contemporâneos, que quebram principalmente o paradigma da bidimensionalidade das obras
(Vídeo Mapping, 3D, holograma, locative media em geral, etc).
A quebra do paradigma da bidimensionalidade implica numa mudança na experiência
cognitiva do espectador?
De quê forma a narrativa, o suporte técnico e o código ontológico de comunicação das
obras audiovisuais, convergem para a consolidação de formatos audiovisuais epistemológico-
congnitivos?
Será o teatro uma experiência audiovisual, como convenciona-se dizer sobre a TV e o
Cinema?
É possível classificar Formatos Audiovisuais de acordo com a experiência cognitiva?
Essas são as inquietações que motivam a minha pesquisa, inserida no campo da
Epistemologia da Comunicação, que em tese estaria inserida na linha de pesquisa de Estudos
Interdisciplinares em Desenho, pela mudança de paradigmasespecíficos no tipo de desenho e
sua interação como fonte/formato e espectador.A essência desses desenhos tridimensionais
contêm códigos semióticos inéditos, ao menos desde o seu advento no final do século
passado,e podem configurar novas fontes de conhecimento.
Tema
Vídeo Mapping, dentro os formatos audiovisuais tridimensionais, é o formato que tem
uma relação peculiar com a representação do desenho ao ponto de ser questionável se o
mapeamento dos contornos dos objetos é um desenho, já que no estado de mapeamento a
representação é igual ao objeto. Para Victor Vasarely não há contornos ou os contornos são
arbitrários e convencionais, nessa perspectiva o mapeamento é um desenho na sequência
animada do mapeamento, os frames que buscam enganar a percepção, em si, são desenhos
porque tem uma existência própria e representam a localização anterior ao objeto mapeado.
Em suma, quando o mapeamento está no mesmo local do objeto é um decalque do
objeto, quando se move é uma projeção gráfica que busca representar fisicamente o objeto.
Há mais recursos de exploração gráfica do vídeo mapping enquanto desenho no vídeo
mapping enquanto desenho no vídeo mapping 3D que no 2D, apesar que no caso específico
dos contornos dos objetos é sempre 3D. O Vídeo Mapping 3D transforma os objetos em
desenhos animados.
No artigo intitulado FUSÃO PROJETUAL, MOVIMENTO BETA E ANAMORFOSE, TÉCNICAS
VISUAIS PARA O VÍDEO MAPPING, discuto a Psicologia da Percepção no Formato Vídeo
Mapping. Ainda há uma lacuna teórica sobre o que é o Desenho e como essa definição se
relaciona fenomenologicamente no Vídeo Mapping, mas pelo exposto será uma definição
sobre o desenho como representação, da qual tive conhecimento ao longo das disciplinas..
Objetivos Geral
Colaborar na produção acadêmica sobre os formatos audiovisuais, na definição do
conceito de formato audiovisual, conceito que também pode ser utilizado, o de formato, em
outros estudos da ciência humana como a Filosofia da História, na medida em que se discute o
essencial de um fenômeno e o seu veículo. No caso do Vídeo Mapping e no audio-visual
clássico, é talvez mais clara a divisão entre formato e essência ou conteúdo, mas a poética
diferente do Vídeo Mapping, tal como apontado por MORAES (2014), na sua dissertação de
mestrado intitulada Video mapping: inquietações para uma poética, modifica a complexidade
e a capacidade comunicacional, inclusive pela simbologia ou signos do suporte onde se projeta
(tradicionalmente locais de memoria patrimonial), ou simplesmente pela cognição ou
fenomenologia tridimencional em si.
A Analisar ontologicamente a experiência cognitiva do espectador para com obras de
Vídeo Mapping, 3D, hologramas, etc, como contraponto ao audiovisual tradicional do século
XX.
Analisar o Vídeo Mapping, 3D, hologramas, e desenvolver um arcabouço teórico para
compreender futuros fenômenos de experiência visual. Do ponto de vista da História do
Desenho, desenvolver conceitos epistemológicos sobre o advento desses fenômenos
sensoriais/visuais.
Desenvolver um amplo debate sobre os “Formatos Audiovisuais” do ponto de vista do
espectador e sua experiência, em busca de uma ontologia audiovisual, analisando o fenômeno
antropológico a partir do teatro, como origem do audiovisual.
Desenvolver um debate acadêmico, com outros pesquisadores de temas circunscritos ao
VideoMapping, 3D, Ciência da cognição, Comunicação, etc, em busca do desenvolvimento de
uma Epistemologia dos Formatos Audiovisuais, defendendo a priori a tese de que a
experiência tridimensional configura um Formato com códigos distintos aos do Cinema e TV,
bidimensionais.
Analisar sociologicamente o fenômeno dos formatos audiovisuais tridimensionais no
contemporâneo digital, conectado por redes sociais, levando em consideração o fenômeno
holístico, socioeconômico, histórico, etc.
Pesquisar o desenvolvimento de obras narrativas literárias nos “Formatos”
tridimensionais.
Desenvolver Vídeo Mappings próprios, com narrativas literárias, equiparando seu status
narrativo ao de obras de Cinema e TV.
Objetivos Específicos
Analisar sob vários aspectos a evolução da imersão, como a coginção humana, a
interatividade, portabilidade, usabilidade, etc.
Pesquisar sobre a Hisória do Vídeo Mapping no Brasil e na Bahia.
Hipóteses, o quê se espera encontrar:
A constatação de que a realidade virtual é a maior ferramenta de didática por causa da
imersividade.
Que o poder semântico do vídeo mapping como narrativa patrimonial material é muito
poderoso também.
Que existe uma tendência e um desejo pelo audiovisual tridimencional interativo, como
o holograma, refletido na ciência ficção.
Que já há indícios de que no futuro cada tecnologia audiovisual vai se formatar
naturalmente de acordo com seu potencial.
A carência de estudos epistemológicos sobre o aumento prolífico da tecnologia
audiovisual, desenvolvido pelo imperativo industrial e promovido pela produção artística.
Essas recentes tecnologias e técnicas de audiovisual tridimencional, ainda pouco difundidas na
Bahia hipoteticamente tem maior poder imersivo/cognitivo que o formato audiovisual clássico,
bidimensional, o que acarreta maiores responsabilidades por parte dos produtores
audiovisuais.
Há no Vídeo Mapping recursos técnicos que de acordo com Rafael de Oliveira Garcia,
2014, no seu TCC "VIDEO MAPPING: Um estudo teórico e prático sobre projeção mapeada",
podem categorizar as obras de Vídeo Mapping em 2D e 3D, mas mesmo com essas
diferenciações técnicas precisas, há uma gama de recursos e variantes que impedem que as
categorias sejam bem definidas. Por exemplo, nada impede que se use ambas categorias numa
mesma obra, assim como outros elementos, como um suporte histórico-patrimonial (com toda
a poética e signos ou símbolos históricos). Uma categorização conservadora seria a de fazer
um levantamento dos tipos de Vídeo Mapping em destaque, e analizar as técnicas usadas com
maior frequência em cada caso.
A literatura sobre audiovisual se refere principalmente a formatos técnicos de suporte
das obras (VHS, DVD, Digital, etc), por outro lado também há definições narrativas sobre as
obras audiovisuais (Documentário, Ficção, Curta-metragem, etc), mas há pouca literatura
sobre a experiência do ponto de vista cognitivo do espectador, nos Formatos Audiovisuais
contemporâneos, que quebram principalmente o paradigma da bidimensionalidade das obras
(Vídeo Mapping, 3D, holograma, locative media em geral, etc).
A quebra do paradigma da bidimensionalidade implica numa mudança na experiência
cognitiva do espectador?
De quê forma a narrativa, o suporte técnico e o código ontológico de comunicação das
obras audiovisuais, convergem para a consolidação de formatos audiovisuais epistemológico-
congnitivos?
Será o teatro uma experiência audiovisual, como convenciona-se dizer sobre a TV e o
Cinema?
É possível classificar Formatos Audiovisuais de acordo com a experiência cognitiva?
Essas são as inquietações que motivam a minha pesquisa, inserida no campo da
Epistemologia da Comunicação, que em tese estaria inserida na linha de pesquisa de Estudos
Interdisciplinares em Desenho, pela mudança de paradigmasespecíficos no tipo de desenho e
sua interação como fonte/formato e espectador.A essência desses desenhos tridimensionais
contêm códigos semióticos inéditos, ao menos desde o seu advento no final do século
passado,e podem configurar novas fontes de conhecimento.
Tema
Vídeo Mapping, dentro os formatos audiovisuais tridimensionais, é o formato que tem
uma relação peculiar com a representação do desenho ao ponto de ser questionável se o
mapeamento dos contornos dos objetos é um desenho, já que no estado de mapeamento a
representação é igual ao objeto. Para Victor Vasarely não há contornos ou os contornos são
arbitrários e convencionais, nessa perspectiva o mapeamento é um desenho na sequência
animada do mapeamento, os frames que buscam enganar a percepção, em si, são desenhos
porque tem uma existência própria e representam a localização anterior ao objeto mapeado.
Em suma, quando o mapeamento está no mesmo local do objeto é um decalque do
objeto, quando se move é uma projeção gráfica que busca representar fisicamente o objeto.
Há mais recursos de exploração gráfica do vídeo mapping enquanto desenho no vídeo
mapping enquanto desenho no vídeo mapping 3D que no 2D, apesar que no caso específico
dos contornos dos objetos é sempre 3D. O Vídeo Mapping 3D transforma os objetos em
desenhos animados.
No artigo intitulado FUSÃO PROJETUAL, MOVIMENTO BETA E ANAMORFOSE, TÉCNICAS
VISUAIS PARA O VÍDEO MAPPING, discuto a Psicologia da Percepção no Formato Vídeo
Mapping. Ainda há uma lacuna teórica sobre o que é o Desenho e como essa definição se
relaciona fenomenologicamente no Vídeo Mapping, mas pelo exposto será uma definição
sobre o desenho como representação, da qual tive conhecimento ao longo das disciplinas..
Objetivos Geral
Colaborar na produção acadêmica sobre os formatos audiovisuais, na definição do
conceito de formato audiovisual, conceito que também pode ser utilizado, o de formato, em
outros estudos da ciência humana como a Filosofia da História, na medida em que se discute o
essencial de um fenômeno e o seu veículo. No caso do Vídeo Mapping e no audio-visual
clássico, é talvez mais clara a divisão entre formato e essência ou conteúdo, mas a poética
diferente do Vídeo Mapping, tal como apontado por MORAES (2014), na sua dissertação de
mestrado intitulada Video mapping: inquietações para uma poética, modifica a complexidade
e a capacidade comunicacional, inclusive pela simbologia ou signos do suporte onde se projeta
(tradicionalmente locais de memoria patrimonial), ou simplesmente pela cognição ou
fenomenologia tridimencional em si.
A Analisar ontologicamente a experiência cognitiva do espectador para com obras de
Vídeo Mapping, 3D, hologramas, etc, como contraponto ao audiovisual tradicional do século
XX.
Analisar o Vídeo Mapping, 3D, hologramas, e desenvolver um arcabouço teórico para
compreender futuros fenômenos de experiência visual. Do ponto de vista da História do
Desenho, desenvolver conceitos epistemológicos sobre o advento desses fenômenos
sensoriais/visuais.
Desenvolver um amplo debate sobre os “Formatos Audiovisuais” do ponto de vista do
espectador e sua experiência, em busca de uma ontologia audiovisual, analisando o fenômeno
antropológico a partir do teatro, como origem do audiovisual.
Desenvolver um debate acadêmico, com outros pesquisadores de temas circunscritos ao
VideoMapping, 3D, Ciência da cognição, Comunicação, etc, em busca do desenvolvimento de
uma Epistemologia dos Formatos Audiovisuais, defendendo a priori a tese de que a
experiência tridimensional configura um Formato com códigos distintos aos do Cinema e TV,
bidimensionais.
Analisar sociologicamente o fenômeno dos formatos audiovisuais tridimensionais no
contemporâneo digital, conectado por redes sociais, levando em consideração o fenômeno
holístico, socioeconômico, histórico, etc.
Pesquisar o desenvolvimento de obras narrativas literárias nos “Formatos”
tridimensionais.
Desenvolver Vídeo Mappings próprios, com narrativas literárias, equiparando seu status
narrativo ao de obras de Cinema e TV.
Objetivos Específicos
Analisar sob vários aspectos a evolução da imersão, como a coginção humana, a
interatividade, portabilidade, usabilidade, etc.
Pesquisar sobre a Hisória do Vídeo Mapping no Brasil e na Bahia.
Hipóteses, o quê se espera encontrar:
A constatação de que a realidade virtual é a maior ferramenta de didática por causa da
imersividade.
Que o poder semântico do vídeo mapping como narrativa patrimonial material é muito
poderoso também.
Que existe uma tendência e um desejo pelo audiovisual tridimencional interativo, como
o holograma, refletido na ciência ficção.
Que já há indícios de que no futuro cada tecnologia audiovisual vai se formatar
naturalmente de acordo com seu potencial.
Formato e mensagem
Universidade Estadual de Feira de Santana
Mestrado em Desenho, Cultura e Interatividade
Desenho, Registro e Memória Visual
VÍDEO
MAPPING PATRIMONIAL
Camilo Espinoza
Feira de Santana, 08/08/2018
Formato,
conteúdo e sustentabilidade:
No decorrer do módulo, de estudo de textos sobre
desenho, iconologia, iconografia, de forma indireta semiótica, e de retomada
dos assuntos do primeiro módulo, sobre memorialismo, há uma relação de análise
formal entre minha pesquisa e o memorialismo, ainda que tácita nesse último
caso, sobre as motivações que guiam a História.
Tacitamente, todo o estudo memorialista e todo o establishment global assume uma disputa
óbvia de toda ordem: bélica, financeira, cultural talvez... Os autores memorialistas
não questionam essa disputa, já que de fato o registro da História demonstra o
pragmatismo do seu percurso. As motivações desse pragmatismo são ofensivas e
defensivas, como a condição dos animais em estado selvagem, ou como é tabu
dizer: O homem é o lobo do homem, e o motor da História é a luta de classes.
Esta análise sobre
formatos pode ser classificada como ingênua, sentimental, mas se aparentemente
não há diferenças entre as motivações dos animais e dos seres humanos, cabe
analisar filosoficamente as motivações dos animais e dos seres humanos. Quais
filosofias são sustentáveis? Será possível uma tradução filosófica do
comportamento insustentável? Será a Era da Filosofia, depois da compreensão
sobre todo tipo de contradição do capitalismo financeiro, ou o meio ambiente
está fadado ao seu esgotamento? Será o ser humano insustentável e
incompreensivo?
Filosofia, tradução e
pós-modernidade.
Não são poucos os filósofos que assumiram a empreitada de analisar o
funcionamento social do Estado. Talvez o primeiro e dos mais célebres, Platão,
já percebera como a organização social e sua História são o formato da Filosofia.
Platão inclusive pensou num local talvez físico para as idéias perfeitas, que
não os livros e textos nas redes sociais... Ele falava da tradução material das
idéias, ou da representação intelectual dos fatos materiais, inclusive aplicado
aos seres humanos, atribuindo a mesma tradução essencial das suas idéias a um
modelo ininteligível... A alegria seria materializável e teria uma essência
similar ao modelo, por exemplo.
Ao longo da História, o nível de complexidade da vida social e emocional
aumentou, o esquema cognitivo idealista de Platão, como toda fórmula
matemática, pode se aplicar eternamente, particularmente com sucesso em muitas
sociedades ao longo da História, notadamente as monoteístas. Os esquemas de
interpretação filosófica e matemática não são excludentes uns com os outros,
sua utilização pelos seres humanos é eivada de visões particulares da cultura.
Nessa apresentação defendo que cada eiva e seus detalhes, tudo na vida, pode
ser traduzido em fórmulas filosóficas, como é o objetivo geral da epistemologia
de forma processual, ou da ontologia seguindo a iniciativa de Platão, de forma
essencial.
Existencialismo e essencialismo por tanto podem ser interpretados de
acordo e em favor das duas grandes diretrizes políticas, na Direita o
existencialismo promove o empreendedorismo, conflituoso com o conservadorismo
das camadas dominantes tradicionais, que buscam controlar os empreendimentos,
aceitando os empreendedores, gerando o conflito do prestígio social, surgido na
Revolução Industrial, onde a burguesia dominou o mundo e buscou ideologicamente
promover a ciência em detrimento da religião que prestigiava a nobreza, exclusivamente
baseada na genealogia. A astrologia como sistema arquetípico é libertário,
horizontal, e platonista segundo a essência das pessoas. Num mundo capitalista,
a herança material assim como todas as características das pessoas (inclusive o
valor que os indivíduos dão ao passado) de acordo com a Astrologia, varia de
pessoa a pessoa.
Apesar de não ter fundamentos científicos a Astrologia é uma tendência
identitária presente na cibercultura global, e no Brasil conta com inúmeros
grupos por exemplo em redes sociais, que no campo subjetivo da superstição
acabam ocupando espaço no imaginário algumas décadas atrás monopolizado pela
religião católica. A "iconorréia" citada desdenhosamente por Joël Candau e por outros cientistas sociais da área
da Cultura, por exemplo na citação de Umberto Eco de que "as redes sociais deram voz aos imbecis", tende
ao anacronismo, na medida em que as próprias redes sociais tem encontrado seu
caminho epistêmico e suas medições de qualidade, através de quantidade de
interações como o trending topics, inclusive remuneradas no YouTube, por
exemplo. Mesmo que em grande parte o conteúdo na internet não resista a uma
pesquisa em fontes da própria internet, a própria produção de conteúdo na
internet produziu sua própria linguagem e impactou os rumos políticos e
culturais da vida "real".
Talvez os
memes merecessem uma secção especial nessa análise, talvez por ser uma expressão
cunhada ainda que indiretamente no próprio ambiente acadêmico¹, mas sobretudo
por ter uma função comunicativa Sui
Generis, que eu
considero uma seleção natural de estilização plástica da expressão teatral
humana, corporal, facial ou literária: Determinadas expressões representam e
comunicam alguma mensagem de uma forma tão precisa que passam pelo crivo dos
bilhões de imbecis conectados na internet, produzindo uma nova iconologia,
muito mais democrática que as iconologias verticalizadas da Igreja Católica na
Idade Média por exemplo, quando não se sabe de quê forma a população poderia
participar das tendências, mas se sabe que as massas na sua extensão não tinham
o conhecimento, nem poderiam ter, sobre a pelagem do leão marinho...
(Figura 01: Leão Marinho com escamas, 1575. Fonte: Testemunha ocular:
história e imagem.)
_____________________________________________________________________________________
1. Meme é um termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller
O Gene Egoísta e é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade
mínima.
Apesar de não ser egiptólogo, existe uma arte, não diria que é um meme,
que relaciona os hieróglifos do Antigo Egito aos memes pós-modernos, será?
Meme é
considerado como uma unidade de informação que
se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é
armazenada (como livros). No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma
autopropagar-se. Os memes podem ser ideias ou partes de
ideias, línguas,
sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra
coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida como unidade autônoma. O
estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido
como memética.
Quando usado num contexto coloquial e não
especializado, o termo meme pode significar apenas a
transmissão de informação de uma mente para outra. Este uso aproxima o termo da
analogia da "linguagem como vírus", afastando-o do propósito original
de Dawkins, que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.
"A
chave de todo ser humano é seu pensamento. Resistente e desafiante aos
olhares, tem oculto um estandarte que obedece, que é a ideia ante a qual
todos seus fatos são interpretados. O ser humano pode somente ser reformado
mostrando-lhe uma ideia nova que supere a antiga e traga comandos próprios."
Ralph Waldo Emerson.
|
(Figura 02: "meme", hieróglifos x emogis, disponível em https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1502069126_ARQUIVO_ArtigoANPUH.pdf)
Cibercultura, Memes, Astrologia, o fato é que são elementos
circunscritos à pós-modernidade. Questiona-se o valor da memória, contrapondo à
memória de dominação da burguesia a vontade de potência do indivíduo, muito
mais compatível com a superação de adversidades, a relativização das mesmas ou
simplesmente sua desconsideração, que com a especialização na manutenção de
opressões. Os especialistas em manter opressões não estariam se desenvolvendo
humanamente, e não necessariamente estariam garantindo poder e riqueza. De
acordo com Max Weber qualquer um pode ter idéias milionárias, e nesse caso a
auto-percepção e a identidade abolem toda distinção essencial. De modo
existencialista, segundo Sartre, tudo pode ser diferente, e apesar desse
filósofo ter simpatizado com o Socialismo em Cuba o existencialismo aplicado ao
indivíduo endossa o empreendedorismo, a relativização de todo o passado e o
hedonismo imediatista, a exemplos de heróis pós-modernos como Mark Zuckerberg,
Bill Gates e O Lobo de Wallstreet.
Todas as pessoas tem características particulares, os filósofos e
pensadores diversos como John Locke teorizaram sobre a formação do caráter e
temperamento dos indivíduos, mas sem dúvidas, as características das pessoas é
um campo misterioso e talvez impossível de compreender exatamente. As ciências
humanas são obscuras, a astrologia não faz parte das ciências humanas. Mas se
existe um padrão astrológico, assim como toda a doutrina da pseudociência, os
arquétipos estão para a História como as idéias platônicas estão para a vida
humana. Considerando uma essência humana relativa à astrologia, há uma relação
evidente na História, resta realizar estudos empíricos em todo âmbito da vida
social, para analisá-los desconsiderando a falta de provas científicas na base
teórica da doutrina. Talvez determinados signos zodiacais tendam à riqueza e
outros ao imediatismo e ao desprezo pela memória, cumulativamente através da
loteria das gerações.
O mistério e as teorias que envolvem o caráter do ser humano, sua
felicidade, se vinculada ao passado ou ao presente, e a completa falta de
comprovação científica da astrologia, permanecem um enigma com todo tipo de
adeptos com suas interpretações hegemônicas ou peculiares. Todas se enquadram
em doutrinas filosóficas publicadas ou por publicar.
De qualquer forma, considero que o pertencimento e a identidade dos
indivíduos na pós-modernidade alternativamente ao que afirma Stuart Hall, podem tender a
uma homogeneidade cultural através da internet, e não ao hermetismo cultural, e
todo tipo de tendências sub-culturais, das mais diversas origens, como a
Astrologia, podem ser mais significativas que expressões hegemônicas ao longo
dos últimos séculos, como a Religião Católica. A pós-modernidade inclusive,
promove a aproximação entre as classes sociais equivalentes, de acordo como
aconselhava Marx, e como acontece nas tendências políticas e culturais.
Vídeo-mapping de patrimônio
histórico.
Em sua monografia, no curso de Graduação em Artes Visuais, intitulada PROJEÇÕES
MAPEADAS E PATRIMÔNIO HISTÓRICO: NETWORKED HACK LAB BAHIA E FESTIVAL RECONVEXO,
Jamile Nascimento Araújo desenvolve uma análise sobre o Patrimônio
histórico e cultural, a partir da publicação com o mesmo nome de Funari e
Pelegrini (2006).
Ainda de acordo com Funari e
Pelegrini (2006), o surgimento dos Estados nacionais propicia a transformação
do conceito de patrimônio. A França foi um dos primeiros estados a desenvolver
o conceito moderno de patrimônio, agora não mais em âmbito privado ou religioso
das tradições antigas e medievais, mas sim de todo um povo, com uma única
língua, origem, território, como algo de interesse geral, seja por guardar a
memória da história de um povo, ou por valores bibliográficos, arqueológicos,
naturalísticos ou artísticos. A primeira lei patrimonial surgiu nos Estados
Unidos, o Antiquities Act, de 1906, que visava proteger bens culturais de
interesse da nação que estivessem em terras de propriedades ou controle do
governo. A partir desse momento, o patrimônio passa a ser entendido a partir de
três características: primeiro como um bem material concreto, um monumento, um
edifício, assim como objeto de alto valor material e simbólico para a nação; em
segundo, aquilo que é determinado patrimônio é o excepcional, o belo, o
exemplar, o que representa a nacionalidade; e a terceira característica é a
criação de instituições patrimoniais, além de uma legislação específica.
Essa parte da monografia está em consonância com o texto de Joël Candau
debatido na disciplina, Memória e Identidade, como tema central do Memorialismo
quando cita a Louis-Jean Calvet, sobre a transmissão social: O que conservar?
Como conservar? Quem conserva? Como transmitir? E por que transmitir?
Para expor os casos onde o Vídeo Mapping é utilizado nesse formato
patrimonialista, Araújo introduz o exemplo de empacotamento e outras
intervenções artísticas em bens patrimoniais, como estudo de expressões
artísticas similares.
2.2 - Intervenções Artísticas
Justamente, pela sua imponência, alguns artistas se apropriam dos patrimônios
nas suas pesquisas artísticas, como base para realizar suas obras de arte, por
serem grandiosos, atrativos e simbólicos, causando maior interesse a quem observa
as obras. A maioria das obras de arte que envolvem patrimônios arquitetônicos
ou paisagísticos se classificam na categoria de intervenções, muitas vezes com
a intenção de chamar a atenção do público e de criar nova forma de visão deste
público em relação ao patrimônio.
Mais adiante cita o exemplo de Krzysztof Wodiczko, e depois
estudos de casos próprios, no Brasil,
O artista polonês Krzysztof
Wodiczko é pioneiro no uso das projeções mapeadas em espaços públicos e
monumentos históricos como forma de manifestação artística. Suas obras têm a
intenção da desmaterialização da arquitetura monumental, com o objetivo de
quebrar a hierarquia imposta pela arquitetura, tentando devolver o espaço
público aos cidadãos, ou seja, a humanização da arquitetura. Ele usa das
projeções para retomar a memória dos monumentos, que em muitos casos são
edifícios grandiosos, porém, esquecidos pela população. Em 1980 Wodiczko já
realizava o seu primeiro trabalho usando o espaço urbano como veículo de
artisticidade, no metrô de Toronto. São inúmeras as obras desse artista
projetadas em monumentos importantes em diversos países (RIZZO, 2010).
Assim como eu no trabalho escrito do primeiro módulo, Araújo percebe uma
relação entre o vídeo mapping patrimonialista e o Restauro.
Cesare Brandi (2004), teórico
italiano especialista nesta questão, em sua obra Teoria da Restauração,
publicada em primeira edição em 1963, considerou patrimônio a partir de duas
instâncias: a estética, pelo caráter artístico, e a histórica que reconhece o tempo
e o lugar, a humanização da obra. Na obra de arte sempre existirá essa
contraposição de conceitos, sendo impossível existir obra de arte sem o tempo
histórico, o que não impede a formação de uma configuração estética (BRANDI,
2004, p.29).
Tal comparação é quase óbvia em casos como o do Ara Pacis em Roma,
relatado por Wilson Leite Moraes, na sua Dissertação de Mestrado VIDEO
MAPPING: inquietações para uma poética, onde aponta para o uso do vídeo mapping
na Educação.
Saggio e Borra (2013) comentam
que a maioria das utilizações do video mapping, conhecidas pelos autores são
direcionadas ao entretenimento, e que existem pouquíssimos trabalhos utilizados
como ferramentas de auxílio no ensino. Eles defendem que essa técnica precisa
ser mais utilizada em trabalhos de Realidade Virtual. Eles entendem que o
mapping pode ser utilizado para experimentar a possibilidade de desenvolver
projetos de restauração em fachadas de construções antigas, históricas, sem o
uso direto de tinta sobre o suporte. Como uma forma de simular como ficará ou
como deveria ser, na época de sua construção, tal qual foi executado na
projeção sobre o “Ara Pacis” (fig. 25 a 28) – altar da paz do imperador César
Augusto –, monumento do império romano exposto no Museo dell’Ara Pacis, desde
2006 e que passou por processo de restauração.
Jamile Araújo usa critérios para o que poderia se chamar de formato
patrimonial de vídeo mapping,
3.2 - Critérios de Avaliação Os
critérios usados para desenvolver a avaliação procedem sobre os princípios de
produção e criação das imagens, seu processo de elaboração e a relação entre as
imagens e o monumento sobre o qual foram projetadas. Assim a avaliação se
divide em três etapas:
1. O conteúdo projetado, as imagens,
cores, figuras, textos, fotografias, que podem ou não dialogar diretamente com
o monumento suporte da projeção e seus significados;
2. O grau de interatividade,
analisando-se como as projeções criam interatividade com o espaço, o tempo e as
pessoas presentes, através de interação física ou sensorial, com uso de
aparatos tecnológicos ou não;
3. A relação da imagem com o suporte,
em que serão observadas as dimensões da imagem, bidimensionalidade ou
tridimensionalidade, as relações sintáticas que a imagem produz com relação ao
suporte, modificação da forma/geometria, as cores, etc.
Subscrevo aos
critérios de Araújo, assim como também considero serem categorias de análise.
No entanto, as relações entre a imagem com o suporte, crucial no vídeo mapping
patrimonial, é sobre tudo uma relação semântica, já que a narrativa está
sujeita aos signos do suporte. O que discursivamente não pode ser
negligenciado, já que a depender da edificação, acarretará em avaliações
identitárias por parte do público. Ou seja, o respeito ou a falta de respeito,
numa obra de vídeo mapping patrimonial, são pressupostos. Vide por exemplo
certas intervenções do Coletivo (carioca) Projetação:
(Figura 03: https://www.facebook.com/plataformaprojetacao/)
Por sua parte Wilson
Moraes analisa o quê é o vídeo mapping em oposição às fantasmagorias, outro
formato audiovisual:
2.4.1 Um show na escuridão Alguns
estudiosos do video mapping o comparam ao show da fantasmagoria, como uma
técnica melhorada daquela. Tentaremos refletir sobre as possíveis semelhanças e
diferenças, compreendendo as dificuldades de uma analogia direta por
pertencerem a contextos diferentes, o que remete a Grau (2009) que afirma que
Figura 40: Lanterna francesa Figura 41: Lanterna inglesa Figura 42: Lanterna
EUA Um dos modelos franceses. Um dos modelos ingleses. Um dos modelos norte
americanos. 63 os relatos que temos sobre os eventos da fantasmagoria não nos
dão a dimensão do que seria aquele espetáculo.
(...)
Ao comparar o show da fantasmagoria
com o video mapping, compreendendo a distância que nos separa daquele contexto,
podemos entender que o mapping como técnica de projeção, para além da
utilização de recursos computacionais, também revisa técnicas de outros tempos,
assim como fez o cinema, o livro, a lanterna mágica. Por outro lado, podemos
entender que Robertson buscava trazer o público para “dentro” da narrativa, e
como mágico, evitaria que se percebesse o suporte da projeção. No caso do video
mapping, mesmo que ambientes com baixa iluminação sejam utilizados, notamos que
a escuridão plena não chega a ser uma necessidade. Há registros de que, no
início dos espetáculos da fantasmagoria, Robertson procurava advertir o público
sobre o caráter de “truque” do que ali seria visto, que não se tratava de
fantasmas “de verdade”, provavelmente para evitar o pânico e suas consequências
em uma sala cheia e fechada. Mas não há registro da intenção de revelar o
suporte, antes, durante ou após os shows. Diferente da fantasmagoria – e do
cinema –, o mapping busca apresentar ao público o suporte da projeção, muitas
vezes como parte importante da narrativa. Mostrar o suporte também pode ser uma
forma de auxiliar na percepção gerada pela ilusão de óptica, gerada pela projeção
que se “mistura” às formas de um objeto do ambiente natural.
Márcio Hoffman Mota, na sua
Dissertação de Mestrado, de 2014, se refere a Krzysztof Wodiczko, como pioneiro
em projeções em espaços públicos, definição que ajuda na epistemologia do vídeo
mapping por haver restrições quanto ao que é e o que não é vídeo mapping. O
termo vídeo mapping não se encontra associado ao seu nome, mas mesmo assim,
pela epistemologia, perguntei a Krzysztof acerca do formato audiovisual:
(Figura 04: Print de início de conversa
com Krzysztof Wodiczko.)
Numa passagem sobre as
fantasmagorias, Moraes atenta para um detalhe que envolve todos os formatos
audiovisuais, desde o teatro até a realidade virtual, essencial na compreensão
do funcionamento dos mesmos, a Cultura:
Superstições e crenças da época, de
acordo com Grau (2009), muito provavelmente foram fontes de informações que
incrementaram os shows da fantasmagoria. Os elementos da cultura do público,
utilizados por Robertson em suas exibições fantasmagóricas, corroboram com o
entendimento de que a cultura é um dos caminhos tanto para uma melhor
comunicação quanto para auxiliar no envolvimento do público. Um reforço a essa
afirmação vem do sucesso que ganhou o show, após sua apresentação em um
mosteiro abandonado, organizado de forma que o público entrasse pelo cemitério,
um ambiente que “preparava” o espectador para imergir no espetáculo.
A assimilação ou
falta de assimilação cultural da tecnológica é um fator importante no
funcionamento de obras artísticas que suponham aspectos mágicos na sua poética. No caso do vídeo mapping patrimonial, uma
categoria de vídeo mapping que tem vínculo com o memorialismo, no pós
modernismo, não há mais o aspecto mágico apesar da fantasia¹, todos os
espectadores entendem que a projeção provêm do canhão de luz. As pessoas não acreditam
que os suportes físicos realmente se movem, porem como tratado no meu artigo FUSÃO
PROJETUAL, MOVIMENTO BETA E ANAMORFOSE, TÉCNICAS VISUAIS PARA O VÍDEO MAPPING,
a fantasia passa a ser a ilusão cognitiva de movimento.
Política, memória e futuro.
Voltando às perguntas
sobre a transmissão social de
Louis-Jean Calvet e Joël Candau:
O que conservar? Como conservar? Quem conserva? Como transmitir? E por que
transmitir?
O vídeo mapping patrimonial responde como alternativa apenas pela forma
e os meios de transmissão. O que conservar está atrelado à política e quem
conserva, apesar de ser um clichê, são os vencedores que escrevem a História,
as classes dominantes. No caso do Brasil e sua História a maior parte do povo
considera que quem vive de passado é museu. Talvez o vídeo mapping poderia ser
uma forma persuasiva de veicular conteúdos históricos, sem considerar a
dinâmica política e a rejeição popular.
Logo no começo do
texto O Jogo Social da Memória e da Identidade: Transmitir, Receber, Candau
sintetiza que "Quando Halbwachs vincula "o pensamento social" a
uma memória, ele quer dizer com isso que ela resulta, em essência, da
transmissão de um capital de lembranças e esquecimentos.". De fato é
bastante acessível o fato de que o único que temos é o presente, apesar das
diversas abordagens do tema por parte de inúmeros filósofos.
No debate sobre os
textos “A substância social da memória” e “A pesquisa em memória social”, de
Ecléa Bosi. A autora contribui com a percepção psicológica e filosófica da
vida, em Bergson. Segundo Franklin Leopoldo e Silva num dos vídeos da Casa do
Saber, desenvolveu idéias que até então eram muito pouco estudadas na História
da Filosofia, entre elas o tempo
_____________________________________________________________________________
1. Uma situação
imaginada por um indivíduo ou grupo que não tem qualquer base na realidade em
si (concreta), mas expressa certos desejos ou objectivos por parte do seu
criador/paciente.
no sentido da
transformação dinâmica do mundo, em contraposição às filosofias essencialistas,
onde voltaremos à eternidade, etc. Esse existencialismo e anti-essencialismo se
encontra também nas filosofias de Hegel e Nietzsche, mas no caso de Bergson o
enfoque na memória que nos auxilia a entender e viver o presente. O estofo da
realidade humana é temporal, então a consciência dessa transitorialidade processual
inclusive de nós mesmos é aquilo que dignifica o ser humano por dar-lhe
consciência das transformações da vida. Para Bergson nossos estados de
consciência não são bem delimitados, nossa consciência é artificial, ultrapassa
as barreiras cronológicas do tempo, nossas emoções guiam essa direção segundo o
que vivemos. Essa seqüência ininterrupta de emoções e sentimentos se chama Duração.
Devemos usar da intuição para entender para poder compreender essa realidade
humana e seus fluxos sentimentais.
O passado não existe mais, mas é o que construiu o
presente com todos os seus detalhes. Esquecer o passado como diz o ditado, é
uma condena a repetir os mesmos erros. Mas os erros são relativos às classes
sociais: A exploração capitalista beneficia a burguesia, recordar é viver, por
questões materiais e psicológicas a classe dominante tem maior disposição para
lembrar, analisar e agir segundo o registro da História. Do ponto de vista da
qualidade de vida, se um indivíduo ou uma classe
social inteira, são infelizes, a infelicidade se perpetuará na medida em que se
esqueçam os fatos e os fenômenos não se estruturem. Apesar de ser tabu, Adorno
apontou o mais eficiente mecanismo de hipnose e esquecimento para as massas: A
indústria cultural.
A História do Brasil
registra talvez os maiores fenômenos traumáticos na História do Capitalismo
tardio, apesar de não ter índices de qualidade de vida tão baixos quanto os
países da África subsaariana ou do oriente médio. Contribuindo para o
esquecimento salutar que defende o autor, indústria cultural dominou o
imaginário brasileiro através da rede Globo, modificando drasticamente o
cotidiano através dos anos, como foi retratado no filme Bye bye Brasil.
A História do Brasil,
segundo o marxismo, guarda semelhanças estruturais com a História de todas as
regiões de Capitalismo tardio, sendo colônias das metrópoles européias e porque
não, colônias econômicas dos USA.
Apesar de ser tabu, o termo Imperialismo é
defendido pelos próprios cidadãos norte-americanos e exaltado pelo exército em
comerciais de recrutamento, algo impensável no Brasil. No Brasil a Indústria
Cultural, criada com capital norte-americano agride as iniciativas
nacionalistas/progressistas como o PT, a CUT, MST, etc, e o efeito dessa
agressão tem resultado por exemplo no apoio popular ao Golpe de 2016. Como país
de Capitalismo tardio o Brasil de fato tem sofrido pressões imperialistas permanentemente, sendo o período dos governos
PT exceções à todo a série histórica de governos subservientes primeiro à
Inglaterra e depois aos USA. A História do Brasil é principalmente feita por
opressões e explorações do povo, impedindo a este o acesso a qualquer teoria
estrutural do Estado e da Sociedade, apenas como exemplo o marxismo, não só
compreendido como adotado na sua maior expansão a meados do século passado por
cerca de um terço da humanidade. A mídia e a Indústria Cultural nunca
esclarecerão ou ensinarão qualquer teoria estrutural, nunca veicularão qualquer
conteúdo acadêmico, apenas intercalarão notícias sobre escândalos de toda ordem
com crimes bárbaros que aliviem a existência da população, por continuar vivos
apesar de cada vez mais empobrecidos, por exemplo a queda do avião da
Chapecoence quando do congelamento dos gastos públicos por 20 anos, que se
reflete hoje em cortes no Bolsa Família, na CAPES...
O
estudo da memória implica no estudo da Sociologia, Economia e Política, assim
como filosoficamente é impulsionada tacitamente talvez pelo impulso vital
definido por Schopenhauer, parecido com o impulso vital de
Bergson, e pela luta de
classes marxiana, no campo temporal Bergsoniano que reduz tudo indiretamente à
prática política generalizada em todos os gestos biopolíticos de todos os
cidadãos. O conceito de tempo de Bergson não é conflituoso com a dialética
hegeliana, nem tampouco com a marxiana, assim como com a teoria geral do Eterno
Retorno de Nietzche, todas estão na grande divisão do Existencialismo, e a não
ser pela tradução subjetiva dos sentimentos em Bergson e sua Duração, mais
vinculados à psicologia, com relação ao marxismo, todo o existencialismo
desconsidera qualquer essência do passado e do futuro.
Os conflitos sociais
vinculados à divisão em classes sociais se travam no cenário da biopolítica,
que restringe os oprimidos a adquirir conforto, e vitimiza as classes
dominantes através da delinqüência.
Seja pela Duração dos sentimentos que ao longo da
vida calejam em estereótipos, seja pela divisão marxiana das classes sociais, a
memória é política. A História e seu registro por parte das classes dominantes
busca formatar a Indeterminação bergsoniana de sociedades como a brasileira,
através de estereótipos como o do bom selvagem ou da democracia racial, o
formato audiovisual da TV aliado ao sucateamento da educação busca encerrar
ideologicamente a população, através dos instintos
imediatos como a vaidade. Os formatos audiovisuais são fantasmagorias relativas
ao imaginário identitário social, formado através de disputas hegemônicas e
contra-hegemônicas, que no Brasil são muito mais instrumento da hegemonia norte-americana
através da Globo que expressão e criação artística autêntica. Com relação aos
formatos audiovisuais, a TV cria um imaginário semântico que é incorporado à
realidade da população, a presença da TV e especificamente o seu discurso no
imaginário brasileiro instigam dúvidas sobre seu propósito: Será que a TV
Brasileira é um fruto autêntico do povo brasileiro? Em quê medida a censura
ideológica na TV, desde a Ditadura, impede que o povo aprenda conteúdos
acadêmicos que poderiam conflitar com os interesses norte-americanos?
De certa forma a TV
brasileira age como anestésico e amnésico, desorientando a população sobre o
estado de nacionalização na economia, perseguindo apenas partidos como o PT, e
apoiando o neoliberalismo. O conteúdo semântico da TV não guarda relação com o
seu conteúdo ideológico, de fato a ideologia também não têm vínculo com
qualquer linguagem audiovisual, no entanto dificilmente um conteúdo audiovisual
estará isento de formato, linguagem e ideologia. A imersão numa obra
audiovisual pode ser principalmente semântica, no caso da TV, mas sobretudo
cognitiva no caso da realidade virtual e do vídeo mapping, sendo formatos com
ainda maior potencial imersivo cognitivo, sem prejuízo da imersão semântica
através das linguagens da TV, das quais os espectadores são vítimas atualmente.
Por enquanto a realidade virtual não é uma tecnologia acessível, e o vídeo
mapping também parece ter menos projeção portátil ainda, no entanto a interação
da mídia tradicional inter-rede-social, feed-back inédito que poderia ser
considerada como uma ampliação na imersão semântica da linguagem tradicional.
No caso do Brasil, as forças progressistas
virtualmente venceriam uma eleição no primeiro turno, o que desacredita a
interação aparentemente esterilizada que acontece entre a população, através de
vídeos e o jornalismo da Globo, já que no começo dessa iniciativa houve críticas
à Globo como um todo e logo em seguida até hoje, cinco meses depois, não há
mais críticas mas mensagens de apoio, produzidos artificialmente.
A TV serve ao povo como escapismo às mazelas que a
própria TV produz, sem educação formal a
população não consegue identificar quais são as áreas estratégicas para o
desenvolvimento, e com as pautas do editorial tudo parece ser um show produzido
para desorientar, de acordo com os princípios apontados por Noam Chomsky. É
muito difícil que se desenvolva qualquer programação e conhecimento cultural
fora do domínio da TV Globo, que tem uma agenda neoliberal.
Conclusão:
A meu ver para Bergman a Duração da memória estaria vinculada à busca
pela felicidade, assim como para Bauman "a política é a habilidade de
decidir quais coisas devem ser feitas".
O módulo II houve uma continuação dos
temas do módulo I, os quais se referendam em uma monografia desenvolvida na
UFRB, especializada numa interseção temática da minha pesquisa de Dissertação
de Mestrado, o Vídeo Mapping. Considero muito valiosa a monografia de Jamile Nascimento Araújo e talvez ainda possa
desenvolver mais o meu conceito de Formato Audiovisual e a Categoria de Vídeo
Mapping Patrimonial, usando sua publicação como substrato. Da mesma forma
talvez possa dar continuidade à abordagens do Formato como Fantasmagoria e
Simulacro, nas linhas de Debord e Baudrillard.
Na passagem de Memória e Identidade, onde Joël Candau escreve que "(...)uma
nova espécie de homo sapiens parece nascer atualmente sob os nossos olhos,
aquela dos comunicantes, imersa em um universo desordenado de traços e irrigada
por fluxos ininterruptos de imagens, para além da constatação importa tentar
saber a significação dos efeitos disso para particularmente sobre as
representações de identidade.", percebo semelhanças com a mudança de
Formato social que apontei, com novas formas de identidade desconexas das tradições
institucionais do século XX. Mas discordo com a percepção pejorativa da
"iconorréia", uma vez que a cibercultura preenche a existência de
muitas pessoas ao redor do mundo, tendendo ao crescimento e vendo sua
iconologia e linguagem refletidas inclusive na publicidade clássica.
Apesar de ser uma publicação anacrônica com relação a toda a dinâmica
das redes sociais, o livro Cibercultura, de Piere Levy, em 1999, previu o
domínio do stablishment sobre a internet. O facebook por exemplo é controlado
pela Política Federal, que por sua vez é controlada pela CIA, e determinadas
publicações por exemplo sobre vítimas de tortura na Ditadura que começou em '64,
sobre filhos de velhas raposas da política candidatos à eleições, ou até mesmo
movimentos contra cortes de verbas na CAPES são censurados. Nesse cenário, o
facebook se transforma no exato panóptico apontado por Foulcault, mas como
afirma Bauman numa das suas últimas entrevistas: O mundo melhorou muito nos
últimos centenários.
(Figura 05:
publicidade em banner impresso, sobre cibercultura.)
Referências:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de
janeiro: Jorge Zahar, 2001.
Bauman, Z. O mal-estar da Pós-Modernidade. rio de Janeiro:
Jorge. Zahar, 1998.
BURKE, Peter. Iconografia e
Iconologia. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004, p.
43-72.
BURKE, Peter. Além da
iconografia?. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004, p.
213-223.
CANDAU, Joël. O jogo social da memória e da
identidade (1): transmitir e receber”. Memória e Identidade. 1 ed. São Paulo:
Contexto: 2014, p. 105-136.
CANDAU, Joël. O jogo social da memória e da
identidade (2): fundar, construir”. Memória e Identidade. 1 ed. São Paulo:
Contexto: 2014, p. 137-179.
"A fluidez do 'mundo
líquido' do Zygmunt Bauman", Programa Milênio. GloboNews. Acessado no
YouTube em 06/08/18.
"HENRI BERGSON: TEMPO
E MEMÓRIA | FRANKLIN LEOPOLDO E SILVA". Acessado no YouTube em 06/08/18.
"HENRI BERGSON: INTUIÇÃO E DURAÇÃO | FRANKLIN LEOPOLDO E
SILVA". Acessado no YouTube em 06/08/18.
"Bergson e a reflexão sobre o tempo | Franklin Leopoldo E
Silva", Acessado no YouTube em 06/08/18.
"Amauri Ferreira: Bergson -
A percepção como seleção de imagens, 04/03/16", Acessado no YouTube em 06/08/18.
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