terça-feira, 14 de agosto de 2018

Assimilação Cultural das tecnologias visuais


Universidade Estadual de Feira de Santana
Desenho, Cultura e Interatividade
Aspectos da Antropologia no Desenho







Assimilação Cultural das tecnologias visuais










Camilo Espinoza


Feira de Santana, 14 de Agosto de 2018.
Projection Maping

Projection mapping, também conhecido como video mapping, é uma técnica de projeção que em vez de utilizar superfícies planas é capaz de mapear imagens em cenários complexos e convertê-los em ecrãs interativos. Esta técnica baseia-se na utilização de um ou vários vídeoprojetores a trabalhar em conjunto com um software que após adquirir uma representação 3D da cena mapeia as imagens.
Atualmente, esta técnica é muito utilizada por artistas, agências de publicidade e industria
de jogos, no entanto, já começa a ser utilizada em outras áreas tais como a medicina, educação e industria automóvel. Embora o termo projection mapping seja relativamente recente, a sua história data de 1957 quando Morton Heilig construiu uma máquina chamada Sensorama, apresentada na figura. Foi desenvolvida como uma experiência cinematográfica para todos os sentidos, a imagem era projetada na frente e nos lados recriando um ambiente 3D estereoscópico, tinha som estéreo, vibração no acento e um soprador de ar apontado à face do espetador. A projeção sobre ecrãs não planos apenas apareceu pela primeira vez em 1969 na Haunted Mansion na Disneyland. Durante o percurso são apresentadas uma série de ilusões óticas incluindo 5 bustos cantores, apresentados na figura. Estes, cantavam a música do percurso e as caras dos cantores originais eram projetadas neles.
Em 1980 Michael Naimark apresentou a obra Displacements, uma instalação cinematográfica
imersiva. Foi montado o cenário de uma sala e uma câmara rotativa foi colocada no centro da sala filmando a interação entre dois atores e o meio. Em seguida a sala foi pintada de branco e câmara substituída por um projetor, resultando em projection mapping rotativo. A maior evolução do projection mapping ocorreu quando começou a ser investigado academicamente.
Um grupo de investigadores constituído por Ramesh Raskar, Greg Welch, Matt Cutts, Adam Lake, Lev Stesin and Henry Fuchs, apresentaram um projeto denominado de The Office of the Future onde qualquer superfície pode ser utilizada como um ecrã.

Teatro africano
É difícil de mensurar cientificamente o carisma, a simpatia, assim como também é difícil encontrar material acadêmico sobre o teatro, ou as Artes Cênicas anteriores às relações assimétricas entre Europa e África Sub-Saariana. O registro da época carecia da especialização disciplinaria que dispomos hoje, e o choque cultural deve ter impedido que os pré-historiadores do teatro sequer pudessem explicar sua especialização. Pelo que se sabe da herança africana, segundo Fernanda Júlia, fundadora do NATA - Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas, é que as disciplinas artísticas dos africanos são multidisciplinares, ou melhor, o ocidente separou em disciplinas cartesianas que não as mesmas das culturas africanas.
É quase impossível saber dos aspectos culturais teatrais dos africanos pré-diáspora. Fernanda Júlia, ao se referir ao teatro contemporâneo na Bahia, aponta que não há uma teoria africana sobre o teatro, que os estudantes se formam pelas teorias por exemplo de Stanislavski, uma referência russa bastante difundida no mundo.
Para tentar demonstrar que o afro-descendente tem carisma, algo que coloquialmente é de uma compreensão muito mais fácil, vou citar dois exemplos de humoristas referências identitárias dos USA e do Brasil.
Christopher Julius Rock III, comediante, ator, roteirista e cineasta estadunidense, vencedor de 4 Prêmios Emmy do Primetime, mais conhecido por ser criador e narrar sua própria história no seriado Everybody Hates Chris. Em atividade desde 1984, apesar de ser difícil criar uma escala de carisma para ranquear as pessoas mais carismáticas, é possível dizer que ele é uma autoridade do carisma nos USA, ele detêm a autoridade sobre a forma mais carismática de se comunicar, talvez Obama também, mas Chris Rock é uma linguagem carismática que inclusive o mundo inteiro entende. Outro exemplo de carisma é o ator Chris Tucker, que dificilmente teria substituto comunicacional.
No Brasil o caso que considero é o do Mussum. Antônio Carlos de Santana Bernardes Gomes, foi um humorista, ator, músico, cantor e compositor brasileiro. Na indústria musical, integrou o grupo de samba Os Originais do Samba em meados da década de 60. Também não há substitutos para determinadas expressões.
No dia a dia também apesar de não haver uma escala, podemos perceber como os afrodescentes talvez tenham mais habilidade comunicacional teatral, expressiva.
Esse artigo é motivado pela espacialidade do Vídeo Mapping, e busca investigar como o teatro africano, ou as condições expressivas dos afro-descentes permitem uma maior assimilação e de quê forma a percepção de vídeos tem um caráter específico em determinadas etnias, num mundo cada vez mais mestiço. Talvez o vídeo mapping pode ser assimilado tal como afirma Fernanda Júlia, de uma forma holística, não limitada à expectação do vídeo, mas a uma interação, que é uma característica latente do formato ou técnica.
Ainda não tenho material empírico, mas há planos de produção considerando esses fatores de ante-mão.

Assimilação cultural das tecnologias audiovisuais

Conheci Fernanda Júlia através de dois vídeos produzidos pelo Itaú Cultural onde ela relata sobre sua trajetória acadêmica e cultural no camdomblé, vídeos que estavam relacionados a outro sobre o cinema africano, no qual Joel Zito Araújo, relata análises por volta do minuto 1:20:00, no vídeo intitulado "Joel Zito Araújo – Escolas do Cinema Africano – Diálogos Ausentes (2016)" de outros teóricos sobre as diferenças do ocidente e da África com relação ao uso de imagens. Logo após também faz um contraponto das filosofias ocidentais de Freud, Lacan e Heidegger, individualistas com relação ao ser, e as filosofias ou religiões africanas a identificação é coletiva, a identificação com relação ao orixá de cabeça mantêm um vinculo com o passado, por exemplo. Essa é a abordagem que considero ao questionar o Vídeo Mapping face a diferentes culturas, infelizmente ainda sem estudos etnográficos empíricos no mundo, não só com relação à África mas todo tipo de culturas isoladas. O que tenho ao alcance em Feira de Santana e Salvador, são diversas classes sociais e porque não diferenças étnicas.

 

Há uma parte objetiva no tema História da África, que é o estereótipo negativo feito dos africanos na indústria européia, mas nessa palestra densa, logo após há também uma compilação de cineastas africanos, tratando conteúdo e linguagem separadamente. Um caso interessante na análise de Joel Zito Araújo, é o que acontece na Nigéria, em fenômeno similar à Bahia, com presença de religiões neo-pentecostais, e de certa forma conflitos religiosos entre as culturais tradicionais e o catolicismo. Onde se desenvolveu um sistema de Netflix local, produzindo conteúdo em DVD.

 

O conceito de assimilação cultural descreve o processo em que uma dada cultura absorve, ou assimila, as características culturais de outra. Este conceito é questionado e muito discutido. Seu uso inicial pode ser datado dos primeiros estudos acadêmicos nos Estados Unidos sobre imigração, raça e grupos étnicos e buscavam relacionar a perda da identidade destes grupos com a assimilação da nova cultura em que viviam.

 

Autores da Escola de Chicago, como Robert Ezra Park, enfatizavam que os imigrantes que chegavam aos Estados Unidos da América, especialmente os que chegaram em consequência da Segunda Guerra Mundial, estavam sofrendo um processo de assimilação cultural. Estes grupos estavam aos poucos perdendo suas características étnicas e aos poucos tornando-se americanos, incorporando elementos da cultura em que passaram a viver.

 

Tradicionalmente, a aplicação de uma política liberal estava diretamente ligada a uma política assimilacionista. Esta tese é latente no uso do termo “melting pot”, que já pela elaboração do seu criador, Israel Zangwill em 1908 – em que o termo dava nome a uma peça de teatro – caracterizava a fusão de etnias em influências mútuas. Nesse caso, o “melting pot” não corresponde a uma assimilação de mão única – em que os imigrantes adotam os padrões culturais, e principalmente linguísticos da sociedade receptora, e assim por diante, até “desaparecerem” como minorias étnicas – mas sim uma fusão de mútuas relações étnicas em que o produto é diferente dos termos da equação. O resultado do “desaparecimento” de identidades e fronteiras étnicas teve uma concepção possível dentro de uma perspectiva do liberalismo individual.

 

 

Conclusão

 

Seja em fenômenos culturais autênticos, como no caso da Nigéria, ou na assimilação cultural das características dos afro-descendentes em Hollywood, o Vídeo Mapping, mesmo com suas limitações contingenciais, encontra vínculos ontológicos com as características culturais africanas. No entanto a assimilação cultural do Vídeo Mapping, na cultura africana da Bahia talvez encontre restrições formais visuais, no entanto já existe um caso de produção de Vídeo Mapping, produzido por @homemgaiola com conteúdo relativo ao candomblé:

 


 

"Estudo cenográfico utilizando projeção como ferramenta imersiva no parque municipal. Grande potencialidade de quebrar a memoria resgatando história e folclore.

 #cenografia #projeção#videomapping #folclore #tfgarquitetura#candomblé #xamanismo"

 

(Figura 1: Vídeo Mapping com referência a Oxossi)

 

 

Referências

"Fernanda Júlia – O Negro nas Artes Cênicas – Diálogos Ausentes (2016)"

https://www.youtube.com/watch?v=ZO9GPygfUdU&t=3489s
"Joel Zito Araújo – Escolas do Cinema Africano – Diálogos Ausentes (2016)" https://www.youtube.com/watch?v=hmKbYo4PqAw&t=4878s
Fernando Kulaitis, “ASSIMILAÇÃO” E “MULTICULTURALISMO”: VERTENTES DE UM DEBATE PARA ABORDAR AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/aculturacao.htm
https://www.infoescola.com/sociologia/assimilacao-cultural/
http://picbear.online/homemgaiola

Nenhum comentário:

Postar um comentário