Universidade Estadual de Feira de Santana
Desenho, Cultura e Interatividade
Aspectos da Antropologia no Desenho
Assimilação
Cultural das tecnologias visuais
Camilo Espinoza
Feira de Santana, 14
de Agosto de 2018.
Projection Maping
Projection mapping, também conhecido
como video mapping, é uma técnica de projeção que em vez de utilizar superfícies
planas é capaz de mapear imagens em cenários complexos e convertê-los em ecrãs
interativos. Esta técnica baseia-se na utilização de um ou vários vídeoprojetores
a trabalhar em conjunto com um software que após adquirir uma representação 3D da cena mapeia as imagens.
Atualmente, esta técnica é muito utilizada por
artistas, agências de publicidade e industria
de jogos, no entanto, já começa a ser utilizada
em outras áreas tais como a medicina, educação e industria automóvel. Embora o
termo projection mapping seja relativamente recente, a sua história data de 1957 quando
Morton Heilig construiu uma máquina chamada Sensorama, apresentada na figura. Foi
desenvolvida como uma experiência cinematográfica para todos os sentidos, a
imagem era projetada na frente e nos lados recriando um ambiente 3D
estereoscópico, tinha som estéreo, vibração no acento e um soprador de ar
apontado à face do espetador. A projeção sobre ecrãs não planos apenas apareceu
pela primeira vez em 1969 na Haunted Mansion na Disneyland. Durante o percurso são apresentadas uma série de
ilusões óticas incluindo 5 bustos cantores, apresentados na figura. Estes,
cantavam a música do percurso e as caras dos cantores originais eram projetadas
neles.
Em 1980 Michael Naimark apresentou a obra Displacements, uma instalação
cinematográfica
imersiva. Foi montado o cenário de uma sala e
uma câmara rotativa foi colocada no centro da sala filmando a interação entre
dois atores e o meio. Em seguida a sala foi pintada de branco e câmara
substituída por um projetor, resultando em projection mapping rotativo. A maior
evolução do projection mapping ocorreu quando começou a ser investigado academicamente.
Um grupo de investigadores constituído por
Ramesh Raskar, Greg Welch, Matt Cutts, Adam Lake, Lev Stesin and Henry Fuchs,
apresentaram um projeto denominado de The Office of the Future onde qualquer superfície pode ser utilizada como um ecrã.
Teatro africano
É difícil de mensurar cientificamente
o carisma, a simpatia, assim como também é difícil encontrar material acadêmico
sobre o teatro, ou as Artes Cênicas anteriores às relações assimétricas entre
Europa e África Sub-Saariana. O registro da época carecia da especialização
disciplinaria que dispomos hoje, e o choque cultural deve ter impedido que os
pré-historiadores do teatro sequer pudessem explicar sua especialização. Pelo
que se sabe da herança africana, segundo Fernanda Júlia, fundadora do NATA - Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas, é que as
disciplinas artísticas dos africanos são multidisciplinares, ou melhor, o
ocidente separou em disciplinas cartesianas que não as mesmas das culturas africanas.
É quase impossível saber dos
aspectos culturais teatrais dos africanos pré-diáspora. Fernanda Júlia, ao se
referir ao teatro contemporâneo na Bahia, aponta que não há uma teoria africana
sobre o teatro, que os estudantes se formam pelas teorias por exemplo de Stanislavski, uma referência russa
bastante difundida no mundo.
Para tentar demonstrar que o afro-descendente tem
carisma, algo que coloquialmente é de uma compreensão muito mais fácil, vou
citar dois exemplos de humoristas referências identitárias dos USA e do Brasil.
Christopher Julius Rock III, comediante, ator,
roteirista e cineasta estadunidense, vencedor de 4 Prêmios Emmy do Primetime,
mais conhecido por ser criador e narrar sua própria história no seriado
Everybody Hates Chris. Em atividade desde 1984, apesar de ser difícil
criar uma escala de carisma para ranquear as pessoas mais carismáticas, é
possível dizer que ele é uma autoridade do carisma nos USA, ele detêm a
autoridade sobre a forma mais carismática de se comunicar, talvez Obama também,
mas Chris Rock é uma linguagem carismática que inclusive o mundo inteiro
entende. Outro exemplo de carisma é o ator Chris Tucker, que dificilmente
teria substituto comunicacional.
No Brasil o caso que considero é o do Mussum. Antônio
Carlos de Santana Bernardes Gomes, foi um humorista, ator, músico, cantor e
compositor brasileiro. Na indústria musical, integrou o grupo de samba Os
Originais do Samba em meados da década de 60. Também não há substitutos
para determinadas expressões.
No dia a dia também apesar de não haver uma escala,
podemos perceber como os afrodescentes talvez tenham mais habilidade
comunicacional teatral, expressiva.
Esse artigo é motivado pela espacialidade do Vídeo
Mapping, e busca investigar como o teatro africano, ou as condições expressivas
dos afro-descentes permitem uma maior assimilação e de quê forma a percepção de
vídeos tem um caráter específico em determinadas etnias, num mundo cada vez
mais mestiço. Talvez o vídeo mapping pode ser assimilado tal como afirma
Fernanda Júlia, de uma forma holística, não limitada à expectação do vídeo, mas
a uma interação, que é uma característica latente do formato ou técnica.
Ainda não tenho material
empírico, mas há planos de produção considerando esses fatores de ante-mão.
Assimilação cultural das tecnologias
audiovisuais
Conheci Fernanda
Júlia através de dois vídeos produzidos pelo Itaú Cultural onde ela relata
sobre sua trajetória acadêmica e cultural no camdomblé, vídeos que estavam
relacionados a outro sobre o cinema africano, no qual Joel Zito Araújo, relata análises por volta do minuto
1:20:00, no vídeo intitulado "Joel Zito Araújo – Escolas do Cinema
Africano – Diálogos Ausentes (2016)" de outros
teóricos sobre as diferenças do ocidente e da África com relação ao uso de
imagens. Logo após também faz um contraponto das filosofias ocidentais de Freud,
Lacan e Heidegger, individualistas com relação ao ser, e as filosofias ou
religiões africanas a identificação é coletiva, a identificação com relação ao
orixá de cabeça mantêm um vinculo com o passado, por exemplo. Essa é a
abordagem que considero ao questionar o Vídeo Mapping face a diferentes
culturas, infelizmente ainda sem estudos etnográficos empíricos no mundo, não
só com relação à África mas todo tipo de culturas isoladas. O que tenho ao
alcance em Feira de Santana e Salvador, são diversas classes sociais e porque
não diferenças étnicas.
Há uma
parte objetiva no tema História da África, que é o estereótipo negativo feito
dos africanos na indústria européia, mas nessa palestra densa, logo após há
também uma compilação de cineastas africanos, tratando conteúdo e linguagem
separadamente. Um caso interessante na análise de Joel Zito Araújo, é o que
acontece na Nigéria, em fenômeno similar à Bahia, com presença de religiões neo-pentecostais,
e de certa forma conflitos religiosos entre as culturais tradicionais e o
catolicismo. Onde se desenvolveu um sistema de Netflix local, produzindo
conteúdo em DVD.
O conceito de assimilação cultural descreve o processo em que uma dada cultura absorve, ou assimila,
as características culturais de outra. Este conceito é questionado e muito
discutido. Seu uso inicial pode ser datado dos primeiros estudos acadêmicos nos
Estados Unidos sobre imigração, raça e grupos étnicos e buscavam relacionar a
perda da identidade destes grupos com a assimilação da nova cultura em que
viviam.
Autores
da Escola de Chicago, como Robert Ezra Park, enfatizavam que os imigrantes que
chegavam aos Estados Unidos da América, especialmente os que chegaram em
consequência da Segunda Guerra Mundial, estavam sofrendo um processo de assimilação cultural.
Estes grupos estavam aos poucos perdendo suas características étnicas e aos
poucos tornando-se americanos, incorporando elementos da cultura em que
passaram a viver.
Tradicionalmente, a
aplicação de uma política liberal estava diretamente ligada a uma política
assimilacionista. Esta tese é latente no uso do termo “melting pot”, que já
pela elaboração do seu criador, Israel Zangwill em 1908 – em que o termo dava
nome a uma peça de teatro – caracterizava a fusão de etnias em influências
mútuas. Nesse caso, o “melting pot” não corresponde a uma assimilação de mão
única – em que os imigrantes adotam os padrões culturais, e principalmente
linguísticos da sociedade receptora, e assim por diante, até “desaparecerem”
como minorias étnicas – mas sim uma fusão de mútuas relações étnicas em que o produto
é diferente dos termos da equação. O resultado do “desaparecimento” de
identidades e fronteiras étnicas teve uma concepção possível dentro de uma
perspectiva do liberalismo individual.
Conclusão
Seja em
fenômenos culturais autênticos, como no caso da Nigéria, ou na assimilação cultural
das características dos afro-descendentes em Hollywood, o Vídeo Mapping, mesmo
com suas limitações contingenciais, encontra vínculos ontológicos com as
características culturais africanas. No entanto a assimilação cultural do Vídeo
Mapping, na cultura africana da Bahia talvez encontre restrições formais
visuais, no entanto já existe um caso de produção de Vídeo Mapping, produzido por @homemgaiola com
conteúdo relativo ao candomblé:
"Estudo
cenográfico utilizando projeção como ferramenta imersiva no parque municipal. Grande
potencialidade de quebrar a memoria resgatando história e folclore.
#cenografia #projeção#videomapping #folclore #tfgarquitetura#candomblé #xamanismo"
(Figura
1: Vídeo Mapping com referência a Oxossi)
Referências
"Fernanda Júlia – O Negro nas Artes Cênicas – Diálogos
Ausentes (2016)"
https://www.youtube.com/watch?v=ZO9GPygfUdU&t=3489s
"Joel Zito Araújo – Escolas do Cinema
Africano – Diálogos Ausentes (2016)" https://www.youtube.com/watch?v=hmKbYo4PqAw&t=4878s
Fernando Kulaitis, “ASSIMILAÇÃO”
E “MULTICULTURALISMO”: VERTENTES DE UM DEBATE PARA ABORDAR AS MIGRAÇÕES
INTERNACIONAIS.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/aculturacao.htm
https://www.infoescola.com/sociologia/assimilacao-cultural/
http://picbear.online/homemgaiola
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