quarta-feira, 22 de março de 2017

O nada existe? Ou o nada não existe?

Kyle: Encerra?

Eu: É como falei pra coisinho... O nada na verdade é a não-existência... Não adianta tentar representá-lo, é um conceito binário oposto ao que existe... Na nossa condição humana, o nada é a não consciência. Como ninguém comprovou a consciência após a vida eis que tudo, vácuo galáctico, radiação cósmica de fundo em micro-ondas, etc... Como tudo isso, e todas as letras e coisas, poderiam continuar existindo sem a própria existência da consciência como referência e percepção de tudo isso? Mas de modo mais acessível, se vc tem uma bolinha numa caixa e depois tira a bolinha dali, é o nada da bolinha.

Kyle: Vc misturou vácuo, vazio e nada. Os 2 primeiros são grandezas e podem ser medidos. O ultimo é potência enquanto conceito pq evoca o ser. O nada absoluto, de fato, não poderia sequer ser pensado.

Eu: Então a existência e a não-existência dependem de uma referência, no nosso caso um humano, e um objeto e sua não-existência relativa às condições de existência em questão (pode continuar existindo, mas se mudou de lugar e nunca mais o vimos, só com fé podemos imaginar que ainda existe). Mesmo que o referente humano seja crente ou não, morrendo, tudo para esse referente deixa de existir... O (nosso) mundo acaba quando a gente morre.

Kyle: Será? Então vc presume que o EU só exista no sujeito e não no que ele mesmo reconhece de si nos outros e nas coisas? Ok. É na consciência dele que esse modo de EU existe, mas o EU que ele toma dos outros tbm o é como representação no mundo.

Eu: Depende da capacidade de perceptiva e intelectual do peão... Mas voltando um pouco antes da psicologia social, o próprio vazio sideral tem uma existência leiga na minha compreensão mas eu imagino ele lá inóspito... Vamos tomar por exemplo o planeta saturno, inóspito, morto... Pros que acreditam seriamente em astrologia tem um significado importante, mas fazendo uso da opção ditos populares: Cada cabeça um mundo... Eu só tomei um referente humano e um objeto morto, saturno.

Kyle: Exemplo: o sujeito morre e ninguém sabe. Ele continua produzindo efeito no mundo. Continua como representação - o que nada mais somos para os outros. Quando todos entendem que já não está mais lá, deixa de produzir as consequências dessa representação; o compromisso, o espaço, o movimento. Sobre o que falou, já não depende só da percepção do sujeito, mas da representatividade dele no mundo. Vazio contém espaço, Vácuo contém energia, nada contém oposto. Tudo isso é potência. E potência é movimento.

Eu: Concordo, mas eu tomei só um referente humano.

Kyle: Ok. É o único que pode ser tomado para falar de existência ou não-existência.

Eu: Então porque vc falou de imaginário social?

Kyle: Falei? Acho que não... não expressei a consideração pelos outros fora do Eu, mas de mim no EU dos outros. Não é imaginário, é representação. Vc não sabe quem é seu amigo senão pelos filtros e contrastes de quem vc mesmo é. Coisas diferentes.

Eu: Talvez não se chame imaginário social, mas tem mais de um ser vivo...

Kyle: E esse ser vivo é só vivo em mim. Ele só de distingue nas características opostas às minhas. Ele é um outro enquanto representação do mundo de acordo comigo mesmo. Eu, aqui teclando com vc, sou apenas vc. Se esse ser vivo morrer e eu não souber, vai continuar vivo para mim. Tanto que se perco alguém próximo, até que minha rotina entenda o espaço que deixa, ele continua vivo como representante de mim pelas limitações que me imponho por causa dele.

Eu: Mesmo assim a afirmação de que o mundo acaba para a consciência em si quando a gente morre é verdadeira tanto com objetos vivos ou mortos... A condição existencial de cada ser vivo é ser independente e viver a própria vida, pode soar bastante social mas me refiro à condição individual da existência. Se uma pessoa guarda lembranças de outra, elas também acabarão quando a segunda pessoa morrer, se a passar a ser uma história coletiva como o Alcorão então é diferente, mas é como vc fala, é diferente a existência em si da existência para o outro. O fim da existência em si implica no fim de tudo o que a consciência era capaz de perceber, objetivo dentro do possível e subjetivamente, planetas mortos de vida biológica e outros humanos...







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